Acabei de ler um texto que falava sobre esforço, empenho... Percebi que sempre desisti no meio do caminho de tudo que desejei. Ao invés de ter fé, ou pensar só no lado positivo para amenizar o caminho, sempre exaltei os problemas do meio e terminei por desistir da minha vontade. Sinto vergonha e arrependimento.
Perdi 19 anos por achar que isso não fosse me fazer falta...

...na distração, tirei a pedra do bolso e acabei perdendo, também, o orgulho de mim.
Encontrei com gente do meu passado e percebi que estão melhores do que eu. Dessa mesma gente tenho certas mágoas, não que me devessem atitudes éticas, mas era o momento em que eu menos merecia punhaladas. Não sinto inveja, rancor talvez, sim.
Uma vez disseram a mim que na juventude a imaturidade cega o coração e com o passar dos anos se torna mais fácil perdoar porque se percebe que o mundo não dá voltas.
A vida era muito dura. Não chegávamos a passar fome ou frio ou nenhuma dessas coisas. Mas era dura porque era sem cor, sem ritmo e também sem forma. Os dias passavam, passavam e passavam, alcançavam as semanas, dobravam as quinzenas, atingiam os meses, acumulavam-se em anos, amontoavam-se em décadas — e nada acontecia.


"Réquiem por um fugitivo", O ovo apunhalado - Caio Fernando Abreu
Se eu me magôo e passo a odiar quem foi insensível comigo, esse problema é meu, não do outro. O outro apenas não correspondeu às minhas expectativas, não me deu o colo que eu achava que merecia, não foi o amigo que eu queria que tivesse sido. Ele foi ele. Eu é que queria que ele tivesse agido diferente. Então eu sou o responsável pelo que sinto“

Lea Waider